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Particularidades do desenvolvimento e do sofrimento psicológico feminino

  • Foto do escritor: Lucas Soares
    Lucas Soares
  • 8 de ago. de 2024
  • 4 min de leitura


Símbolo da luta feminista

A delicada rosa vermelha, símbolo da feminilidade, é distribuída como um presente num ato de celebração às Mulheres no dia 08 de março. A sensível flor, tão conhecida como emblema do amor, carrega em si uma mensagem complexa que une fragilidade, resistência, beleza e força. Assim como o afável mimo, a história do gênero feminino surpreende em sua pluralidade, beleza, impolidez e poderio. No intuito rememorativo desta data tão especial, nos voltamos para o caminho construído por elas até este momento. Como foi possível traçar uma trajetória tão florescente? Qual o lugar que a mulher ocupa hoje?


É inegável a penosidade do curso traçado pelas mulheres até aqui. Nossa História denuncia uma pressão contrária colossal, delata modelos arcaicos de desempenho social e um poder arbitrário que desumaniza as autoras da vida. Porém, nenhum obstáculo, por mais elaborado que seja, parece permanecer de pé por muito tempo diante da avidez com que o feminino desembaralha a complexa teia limitante imposta sobre sua realidade.


Apesar de hoje ter-se 25% das mulheres ingressando no ensino superior, contra 18% do gênero masculino, foi apenas em 1827 que as meninas conseguiram o direito de estudar na educação básica e somente em 1879 se conquistou o direito de cursar uma universidade. Embora o machismo estrutural ainda exerça uma suntuosa opressão neste processo, o número de mulheres qualificadas profissionalmente só sobe!


Contra todo movimento silenciador, em 1832, a autora Nísia Floresta desafiou as tradições e costumes da sociedade ao publicar seu livro “Direitos das Mulheres e Injustiças dos Homens”, se tornando a primeira mulher brasileira a denunciar em uma publicação o mito da superioridade masculina. Nísia, defendeu corajosamente que as mulheres poderiam exercer as mesmas funções que os homens e desempenhar cargos de liderança. Essas grandes precursoras abriram o caminho para que em 1910, o primeiro partido político feminino fosse instituído no Brasil, este exerceu grande influência sobre as lutas pela emancipação das mulheres, principalmente na conquista pelo Direito ao voto, em 1932.


Em mais um salto de bravura, as mulheres conquistam em 1962 o Estatuto da Mulher Casada, onde lhes era assegurado o direito à trabalhar, sem precisar de autorização do marido, direito à herança e a pedir a guarda dos filhos. Neste mesmo ano, a pílula anticoncepcional chegou ao Brasil, apesar dos seus efeitos colaterais referentes à saúde hormonal, é incontestável que o método trouxe mais autonomia diante dos direitos reprodutivos e da liberdade sexual da mulher, o que incitaria movimentos articulados para a conquista do direito de se divorciar, em 1977, e de ter um cartão de crédito, sem a aval masculino, em ‘74.


Embora todos esses avanços tenham sido conquistados, ainda estava muito evidente a necessidade de proteção da mulher diante da grotesca violência enraizada e retroalimentada pelo machismo. Em 1985, é criada a primeira delegacia da mulher, no intuito de realizar ações de proteção e investigação dos crimes de violência doméstica e violência sexual contra as mulheres.. Logo após, em 1988, a Constituição brasileira finalmente reconhece Homens e Mulheres como iguais, uma mudança que iria contribuir imensamente com o combate à desigualdade entre os gêneros. Hoje, é possível ir até uma delegacia gratuitamente através de alguns aplicativos de carona como o 99Pop, utilizando o cupom DELEGACIADAMULHER

Por se tratar de um problema milenar, o machismo persiste influenciando ações de violência contra a mulher até hoje. Porém, as lutas feministas parecem insaciáveis quando observamos as conquistas da atualidade. Em 2006, é sancionada a Lei Maria da Penha, legislação consistente para a proteção da mulher que abriu alas para a aprovação da Lei do Feminicídio em 2015 e da criminalização da importunação sexual em 2018.


Apesar dos louváveis avanços dos últimos 200 anos, nossas estatísticas ainda apontam para um cenário preocupante. Um estudo do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo trouxe dados alarmantes. Dentre as entrevistadas, 40,5% desenvolveram sintomas de depressão, 34,9% de ansiedade e 37,3% de estresse. Uma análise minuciosa desses dados, constatou que não existem diferenças significativas no cérebro dessas mulheres, mas as suas condições sociais, relacionais, de trabalho e familiares, podem ser as razões centrais para o surgimento de quadros psicopatológicos. O Ministério da Saúde, em 2021, revelou que Agressões são a segunda maior causa de morte entre mulheres de 20 a 29 anos (31,2%), ficando atrás apenas de Acidentes de Transporte (32,7%), sendo seguido, na terceira posição, por Lesões Autoprovocadas Intencionalmente (18,6%). Esses dados nos mostram que a debilitação da saúde mental da mulher começa “do lado de fora”, para que depois chegue nos processos de autodepreciação, autoflagelo e culpa, contribuintes expressivos para estágios de adoecimento psíquico.


Com isso, entendemos que trazer à memória todo esse progresso feminino é indispensável para que a alegria das vitórias nos traga mais energia de luta. É fundamental deixar crescer a esperança diante de tantas conquistas e olhar com valentia para o caminho que ainda é preciso trilhar. Que neste ano, a rosa recebida tenha uma mensagem para além da beleza. Que os espinhos continuem evocando aquele sentimento desconfortável de que algo está fora do lugar. Que o tom avermelhado dessas pétalas rememore o amor e as vidas perdidas. Que seu aroma suave nos abra uma brecha deslumbrante de um futuro diferente e que ao notar a ausência de uma raíz, se revitalize o desejo de extirpar o poder opressivo cultivado por eles e que seja delas toda autonomia de florescer.


Os atravessamentos específicos na vivência feminina precisam ser bem conhecidos por profisisonais de saúde a fim de montar projetos terapêuticos que façam mais sentido com a concretude. Se você gostaria de ser acompanhada por um profissional que tenha conhecimentos específicos sobre essa realidade, clique no link abaixo




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Psicólogo Lucas Soares

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